O novo clipe da campeã do BBB 21 e cantora Juliette, Quase Não Namoro, que conta com a participação de Marina Sena, é todo ambientado em um ateliê de artes. Uma das cenas que merece um olhar mais atento é quando ambas usam um torno para modelar um vaso de cerâmica. Trazendo um clima sensual elas moldam um cântaro, ajudando a promover a arte da cerâmica
A passagem lembra uma das mais clássicas cenas do cinema mundial, do filme Ghost – Do Outro Lado da Vida, quando a personagem de Demi Moore ensina a de Patrick Swayze a usar o instrumento. Uma curiosidade: em 2018 a Rede Globo afirmou que o filme desbancou A Lagoa Azul como o mais reprisado em sua Sessão da Tarde. Em novembro desse ano, ele completa 33 anos e ainda continua passando na televisão aberta.
Esculpir em cerâmica, aliás, tem ganhado vários adeptos famosos. Há relatos de que Brad Pitt e Leonardo DiCaprio realizam sessões na casa de Pitt, hábito que surgiu quando ambos gravavam Era Uma Vez em Hollywood.
O que explica esse fascínio e a predileção por esta forma de arte pode ser o efeito relaxante e terapêutico proporcionado. A ceramista brasileira Flávia Pircher, que em 2022 expôs a trilogia Kátharsis na galeria La Pigna, no Vaticano, e Kathársis Luto no Carrossel do Louvre, em Paris, está acostumada a ouvir esse relato em suas aulas.
“Realmente é algo que pode ajudar a relaxar. O contato com a argila, o deslizar pelos dedos e a suavidade necessária para fazer com que a peça seja moldada corretamente, leva a pessoa a esquecer um pouco da vida agitada, das notificações nas telas, e se concentre apenas naquele universo que está sendo criado com as próprias mãos. É praticamente uma meditação ativa; enquanto as mãos trabalham, os pensamentos são silenciados e a pessoa entra naturalmente em um estado meditativo”, comenta Flavia. “Durante a pandemia, a procura pelos cursos aumentou. Uma possível leitura é que iniciar uma atividade terapêutica ajudou a encarar a angústia daquela situação vivida pelo isolamento social”, pondera.
Além da observação, há fundamentos científicos para se fazer esta afirmação, pois praticar artes ajuda na saúde mental. No caso da cerâmica, os benefícios incluem acalmar a mente, reduzir os pensamentos negativos e aumentar a consciência corporal. Também exige paciência e persistência, pois o processo de modelagem, secagem, esmaltação e queima pode levar até 1 mês e meio.
“Isso tudo sem contar a satisfação pessoal de aprender a fazer algo novo, que pode tanto ser um item que vai compor a decoração do próprio lar, quanto servir como presente personalizado e único para um amigo ou parente, ou até mesmo uma nova fonte de renda”, acrescenta Flavia. “Traz também aquele orgulho de evoluir na produção, fazendo cada vez melhor, e ver o próprio progresso. Há ainda um senso de comunidade, quando o novo artista começa a trocar experiências com outros e até mesmo participar de exposições”, finaliza. Para quem quer conhecer mais ou ainda começar na arte da cerâmica, a artista tem aulas gratuitas em sua página do Youtube.
Sobre Flávia Pircher
Ceramista há 16 anos, possui um ateliê há 15, em Vinhedo (SP). É graduada em Pedagogia e em Direito. Possui especialização em Artes Visuais e Midialogia pela UNICAMP. Atualmente, faz mestrado em Artes Visuais na USP, integra o grupo de pesquisa sobre Impressão Gráfica em Cerâmica Contemporânea na UNA – Universidade de Buenos Aires. Já participou de residências artísticas no Japão, Índia, Áustria, Alemanha e Taiwan. Também dá aulas de modelagem manual e de torno elétrico, além de possuir o canal Cerâmica em Casa no Youtube, no qual dá aulas online, bem como um perfil no Instagram no qual apresenta seus produtos, dicas de como fazer arte em cerâmica, técnicas, workshops, cursos e outros assuntos. Mais informações no site.
