Heberte Almeida, cantor e compositor belo-horizontino, apresentará no próximo dia 22/08 (quinta-feira), nos principais aplicativos de música e outros canais de mídia, seu segundo álbum de estúdio. O disco “Fôlego” vem para o mundo para dar sequência ao prestigiado “Negro Amor”, debut da carreira solo do artista conhecido também por sua participação em um dos grupos mais icônicos do indie mineiro, a banda Pelos, além de diversos outros trabalhos que este versátil músico entrega para a música da cena musical mineira.
Antes de trazer ao público seu novo rebento, Heberte Almeida lançou dois singles para dar pitadas do que viria pela frente e as escolhas não foram aleatórias. A primeira música a dar as caras foi “Cútis”, faixa que traz uma espécie de afrobeat à brasileira para abrir o álbum e celebrar a pele preta, além de apresentar algumas de suas principais referências musicais como Fela Kuti, Curtis Mayfield e Itamar Assunção. Na sequência, veio à tona a serena “Poros”, que revela uma camada mais “brisada” do disco, com seu soul praiano e a participação especial de uma parceira com a qual há tempos Heberte mantém colaborações em seus projetos: a cantora e compositora Michele Oliveira. O álbum conta ainda com participações do rapper Shabê Furtado na faixa “Em paz com o meu tempo” e da cantora e compositora Elisa de Sena em “Experiências tardias”. O álbum desfila por um vasto repertório de ritmos e referências do universo da música negra, passando pelo soul, r&b, rap, afrobeat e samba, finalizando no axé poderoso de “Lança”.
O nome “Fôlego” surgiu a partir de uma vivência inaugural de Heberte Almeida aos quarenta anos: a de fazer uma aula de natação. Por mais banal que possa soar para algumas pessoas, a experiência tardia, nome de outra faixa do disco, revela questões de acesso que, inevitavelmente, atravessam também a questão racial no Brasil. Ao mesmo tempo, o título sugere a sensação de alívio depois de um período conturbado de um governo de extrema direita que trabalhou pela asfixia dos direitos humanos, de uma pandemia de uma doença cujos principais sintomas eram justamente respiratórios e de movimentos como o “Vidas negras importam”, que se espalhou pelo mundo a partir do episódio da morte do afro-americano George Floyd, assassinado em Minneapolis (EUA) no dia 25 de maio de 2020, estrangulado pelo policial branco Derek Chauvin durante uma abordagem por supostamente usar uma nota falsificada de vinte dólares em um supermercado.
Em termos líricos, é predicado afirmativo deste novo trabalho a celebração, o respiro, a calma. Em suas letras e reflexões, Heberte não abandona as dificuldades do dia-a-dia, nem a complexidade dos fatos que atravessam o contexto de um artista negro brasileiro oriundo da periferia e que, portanto, carrega esse olhar por onde quer que vá, mas aqui ele o faz a partir de uma perspectiva de tomada de ar depois de um duro período em que, por diversas razões, se pensava que não haveria mais como respirar. “Uma pulsão de aprender a nadar. Uma escuta para lembrar que existe vida e celebração – não só apesar das coisas, mas também por causa delas”, como diz o texto de apresentação do álbum assinado por Carol Abreu.
A capa do álbum, assinada pelo multi-artista e integrante da banda Pelos, Robert Frank, traz uma fotografia de Heberte dentro da água. O nome do disco e do artista vem em uma fonte que parece molhada. A foto, capturada em Casa Branca (MG), brinca com uma certa indefinição e texturas que aludem à ideia de leveza, descanso, lazer e bem-estar. “Apesar de sugerir um momento de relaxamento, a capa também alerta para a manutenção da atenção, pois estar dentro d’água exige concentração para não se afogar”, conta Heberte sobre o conceito que sustenta a imagem.
“Fôlego” foi gravado, mixado e masterizado pelo celebrado produtor musical Leonardo Marques no estúdio Ilha do Corvo entre novembro de 2023 e abril de 2024. A ficha técnica conta com Anna Lages (backing vocal/percussões), Michelle Oliveira (voz), Raíssa Uchôa (baixo), Pablo Campos (bateria), Marcelo Dias (Sax tenor), João Paulo (Trompete) e João Paulo Buchecha (Trombone).
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
SOBRE HEBERTE ALMEIDA
Com uma trajetória musical de quase 20 anos, o cantor, compositor e multi-instrumentista Heberte Almeida coleciona diversos trabalhos na cena da música de Belo Horizonte tais como as residências artísticas “Mistério Negro” (2023) e “Poéticas do Morro” (2020), pelo edital LAB BDMG Cultural; os álbuns “Atlântico Corpo” (2022), “Paraíso Perdido nos Bolsos” (2016), “Olho do Mundo” (2012) e “Memorial dos Abismos” (2008), com a banda Pelos; Ruas e Rios” (2017), em companhia do Projeto Manobra; “Estação Cidade Baixa” (2017) e “Novato” (2015), em colaboração com o cantautor Nobat. O músico também assina a composição da trilha sonora original do longa-metragem mineiro “No Coração do Mundo”, e é coautor da canção “Azul”, presente no premiadíssimo “Marte Um”, além de seu primeiro trabalho em carreira solo, “Negro Amor” (2020), com o qual apresentou diversos shows marcantes em Belo Horizonte e São Paulo.