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Greensleeves Records comemora 45 anos

A icônica gravadora londrina de reggae que lançou artistas como Gregory Isaacs, Shabba Ranks, Shaggy, Black Uhuru, entre outros, relança álbuns históricos e relembra sua história

Greensleeves Records comemora 45 anos scaled POP CYBER
(Foto: Assessoria de Imprensa)

Em 1977, Shepherd’s Bush, Londres, uma loja de discos na 44 Uxbridge Road, que vende música jamaicana, decide que é hora de lançar suas próprias faixas. A missão é clara: armar todos os DJs e fãs de reggae no Reino Unido com os sons mais recentes do centro de Kingston, Jamaica.

E assim, na época de ouro do reggae, nasceu a Greensleeves Records – uma gravadora que logo se tornou sinônimo de todos os últimos sucessos do dancehall e reggae da Jamaica e dos artistas destes estilos. Durante o final dos anos 70, 80 e 90, a gravadora conquistou a coroa como o destino britânico número um tanto para o som vindo da Jamaica quanto para a música negra britânica influenciada pelo Caribe, criando uma reputação única como pioneira na música Dancehall e no Rub-A-Dub. Assim como a Motown ou a Blue Note, a Greensleeves definiu um gênero.

São muitos artistas e produtores proeminentes lançados pelo selo, como Dr Alimantado, Augustus Pablo, Wailing Souls, Barrington Levy, Yellowman, Eek-A-Mouse, Gregory Isaacs, Dennis Brown, Freddie McGregor, Sister Nancy, Shabba Ranks, Shaggy, Bounty Killer, Beenie Man, Mr Vegas, Red Rat, Elephant Man, Vybz Kartel, JC Lodge, Deborahe Glasgow, Henry ‘Junjo’ Lawes, Linval Thompson, King Jammy e Gussie Clarke.

Avançando para 2022, o selo antes rebelde hoje assumiu seu lugar como o selo britânico de reggae mais reverenciado, com um catálogo de mais de 20.000 faixas. E, para comemorar, uma série de eventos, colaborações, lançamento de livros e, acima de tudo, músicas lendárias de seu catálogo, incluindo uma edição limitada em vinil.  Para dar início, alguns dos álbuns clássicos que garantiram a posição de Greensleeves como um importante veículo na ascensão do reggae como um gênero global:

Barrington Levy – Englishman

O lançamento de “Englishman” de Barrington Levy no final dos anos 70 anunciou uma nova era de ouro da música jamaicana que levaria este estilo musical para a próxima década. O rub-a-dub agora tinha balanço e o álbum, lançado após uma série de singles de sucesso, estabeleceu o jovem Barrington como a estrela dos anos 80 em pleno vigor. O álbum foi direto para o topo das paradas de reggae e viu Barrington retornar ao Reino Unido no ano seguinte para ser coroado nos shows de premiação de reggae dos anos 80. Produzido por Henry ‘Junjo’ Lawes no Channel One e por King Tubby com a banda Roots Radics, hoje o álbum é aclamado como um clássico do reggae da Greensleeves.

Johnny Osbourne – Fally Lover

Continuando sua carreira, Johnny Osbourne surfou as mudanças musicais gravando hits em cada década. Em 1980 Johnny estava com tudo e foi este álbum, ‘Fally Lover’, que o levou ao controle total de seu ofício. Misturando com maestria o reggae raiz com canções de amor de parar o coração em um estilo rub-a-dub, o álbum mostra o incrível alcance de Johnny como vocalista e compositor. Produzido por Henry ‘Junjo’ Lawes com apoio de peso da banda Roots Radics.

Black Uhuru – Black Sounds Of Freedom

Uma série de álbuns inovadores para a Island e Virgin Records no início dos anos 80 viu a coroa do reggae passar para o Black Uhuru. Lançado pela Greensleeves em 1981, “Black Sounds Of Freedom” para muitos traz o seu melhor trabalho. Produzido por Prince Jammy, conta com dez músicas que se tornaram hinos do reggae. Com o apoio de Sly & Robbie no álbum, como eles fizeram em sua histórica turnê de 1981, “Black Sounds Of Freedom” é tão atual e relevante hoje quanto no dia em que foi cortado e é outro verdadeiro clássico do reggae lançado pela Greensleeves.

Keith Hudson – Rasta Communication

Muitas vezes descrito como o “Príncipe das Trevas” do reggae, Keith Hudson certamente não seguiu as regras de ninguém quando se tratava de criar música e “Rasta Communication” não é exceção. É uma verdadeira obra-prima do roots reggae que soa fresca e relevante até hoje com sua bateria estrondosa, ritmos que fazem o esqueleto mexer e sons profundamente atmosféricos. O álbum apresenta a música favorita de Jah Shaka, “Felt We Felt The Strain”, e a etérea, hipnótica e assombrosa “Bloody Eyes”. O álbum inteiro não é para os fracos de coração, é música destilada ao puros roots. Gravado no Channel One em Kingston e no Chalk Farm Studios em Londres, “Rasta Communication” mantém-se entre os maiores álbuns do gênero, mas ainda é totalmente único. Um clássico do morfologista negro do dub, lançado pela Greensleeves.

Eek-A-Mouse – Wa Do Dem

Um álbum verdadeiramente inovador que mostra uma das vozes mais inovadoras, carismáticas e distintas da música jamaicana, Eek-A-Mouse. Com seu vocal típico e cantos amáricos, “Tallest Mouse In Town” traz um estilo muito pouco ortodoxo, mas completamente brilhante – um estilo que é muitas vezes imitado, mas nunca melhorado. “Wa-Do-Dem” é a sua estreia e alguns diriam que é seu melhor trabalho, pois apresenta hinos como a faixa-título “Wa-Do-Dem”, o hino da maconha “Ganja Smuggling” e “Operation Eradication”, um ataque sério e contundente ao “Eradication Squad” jamaicano após o assassinato de seu amigo Errol Shorter. Produzido pelo lendário Henry ‘Junjo’ Lawes, com apoio da banda Roots Radics e mixado e gravado no Channel One e no estúdio de King Tubby, este LP é obrigatório em qualquer coleção de discos levada a sério.

Augustus Pablo – Original Rockers

Um álbum transcendente que captura um momento real no tempo e no espaço, “Original Rockers” é o LP essencial de Augustus Pablo. Foi engenhosamente compilado por Dave Hendley (já falecido), que na época foi fundamental na crônica da autêntica música jamaicana através de seu trabalho como jornalista e fotógrafo. “Original Rockers” é uma vitrine do trabalho de Augustus Pablo de 1972 a 1975, período particularmente frutífero para ele e seu “som do extremo oriente”, especialmente porque as faixas foram mixadas no estúdio da lenda King Tubby, pelo próprio King.

Wailing Souls – Firehouse Rock

Este é um clássico de todos os tempos da era do rub-a-dub e uma bela introdução ao trabalho do lendário grupo de harmonia vocal jamaicano The Wailing Souls. Música roots entregue com verdadeira dignidade e classe, tudo tocado pela Roots Radics, a banda líder dos anos 80, com Scientist controlando a mesa de som, um jovem engenheiro realmente no auge de seus poderes. “Kingdom Rise, Kingdom Fall” foi mais uma faixa que recebeu forte rotação dos principais sistemas de som Roots do Reino Unido, mais notavelmente o de Jah Shaka. “Firehouse Rock” é um álbum sincero, bonito e mortal ao mesmo tempo.

Eastwood & Saint – Two Bad DJ

Ei! Clint Eastwood & General Saint tocaram com tanta energia no palco que foi justo que eles se tornassem incrivelmente bem-sucedidos no circuito de shows no Reino Unido, conquistando o apoio de John Peel e o sucesso crossover com seu álbum “Two Bad DJ”. O álbum apresenta alguns riddims casca grossa do produtor da época, Henry ‘Junjo’ Lawes, que eram naturalmente adequados ao estilo toaster exuberante de Eastwood & Saint. As faixas de destaque são “Another One Bites The Dust”, “Two Bad D.J.” e “Tribute To General Echo” – homenagem ao popular cantor General Echo, que foi assassinado em 1980.

Michael Prophet – Gunman

O time dos sonhos com Henry ‘Junjo’ Lawes e Roots Radics no estúdio Channel One mais uma vez, desta vez com os estilos vocais únicos do falecido Michael Prophet. A faixa-título ‘Gunman’ é um hino certificado com seu naipe de metais, licks de guitarra aguda, a mixagem imaginativa de Scientist e o vocal ‘chorão’ de Michael – é uma mistura potente, com certeza, e que resumiu o início da era dancehall. É uma verdadeira prova de Michael Prophet como artista, que foi capaz de montar as músicas de uma maneira que os fez sentir “cheios”, “vazios” e atmosféricos ao mesmo tempo. Ele tinha uma voz única e este álbum capturou um momento muito especial do cantor.

Yellowman – Mister Yellowman

Um registro momentâneo do tempo em que Yellowman era o cantor mais procurado na ilha, um cara que era engraçado, rude e ao mesmo tempo bem sério. “Mister Yellowman” mostra sua proeza lírica e habilidade rítmica sobre riddims que fazem o corpo mexer, tocados pela banda “Hi-Times” da Roots Radics e Earl Chinna e com uma mixagem soberbamente despojada do engenheiro do Channel One, Soldgie. Este é o Yellowman no seu melhor e um álbum que o colocou com firmeza no cenário mundial em grande estilo, especialmente com a icônica foto, tipografia e ilustração na arte do álbum feito por Tony McDermott.

 Capital Letters – Headline News 

UK Roots no seu auge! A Capital Letters foi uma banda formada em Wolverhampton, no entanto, após se mudarem para Londres, acabaram trabalhando com o co-fundador da Greensleeves, Chris Cracknell, com grande estilo. “Headline News” apresenta tudo o que você esperaria de uma banda brilhante do UK Roots no final dos anos 70. Pense em Aswad, Misty In Roots e Steel Pulse com o estilo e a marca da Greensleeves Records na mixagem. As faixas que se destacam são a evocativa “Smoking My Ganja” e o ritmo incrivelmente contagiante em “UK Skanking”.

Freddie McGregor – Big Ship

A Roots Radics, Linval Thompson e Scientist não podiam dar errado no início dos anos 80, e quando se conectaram com Freddie McGregor em “Big Ship” foi um encontro daqueles. A performance vocal atemporal e quase sem esforço de Freddie fará você cantar junto em pouco tempo, no entanto, a mixagem crua e quase brutal que Scientist dá à banda Roots Radics fará com que você queira escutar repetidas vezes. Este ano marca 40 anos do lançamento de “Big Ship”, que ainda parece atual e tem algo a oferecer a todos, como canções de amor, críticas sociais e políticas, tudo cantado com a alma genuína da lenda viva Freddie McGregor.
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