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Entrevista: Bárbara Dias, famosa pelo hit para gestantes “Nove Meses” e “Domingão do Faustão”, faz sucesso com, novo clipe, e nova temporada de “Hoje vai ter Som”

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(POP CYBER)

Quem ouve Bárbara Dias fica chocado com sua voz e o fenômeno que ela é como cantora e compositora de hits de muitos artistas que seria difícil enumerar. Dona de “Nove Meses (Oração do bebê) – mais conhecida como canção das grávidas – que embala momentos de mamães de todo Brasil e já bateu recorde de acessos em sua emocionante canção para quem em breve terá um filho, não imaginava que viraria hoje um hino para mamães, papais, e todos que ouvem a música que conta a vida de um bebê ainda na barriga narrando seus nove meses de gestação. Não há quem não chore ou se comova com a canção. “Nove meses nasceu da minha necessidade de colocar pra fora a angústia que era ver uma amiga grávida perdida por essa condição. Estávamos na escola, no ensino médio, e foi muito triste ver o começo dessa situação, uma gravidez que não foi programada. É claro que depois logo tudo se ajeitou, mas eu sempre fico um pouco assustada com a falta de sensibilidade das pessoas. Eu não soube lidar bem com a sensação horrível que é ver adolescentes falando da minha amiga grávida, aquilo me chocou. Na época eu escrevi a música na tentativa de lembrar pra ela que estava tudo bem e que ia dar tudo certo”, diz, sem na época ter noção do quanto ajudou muitas mães com esse grande afago no coração.

Mas, na verdade, parece que o dom veio do berço, de fato. “Minha mãe, na verdade, foi minha maior referência em fazer algo com todo o coração e alma. Ela é incrível em tudo que se propõe a fazer e eu sempre almejei conseguir me dedicar tanto às coisas que faço como ela. Claro que isso passa por cantar também, ela me inspirou a cantar – ela é uma cantora e educadora (professora de canto) incrível. Mas, mais que isso, ela me inspirou a fazer tudo”, orgulha-se.

           Cantora desde que se entende por gente, foi finalista do quadro “Iluminados”, do”Domingão do Faustão”, que a deu visibilidade nacional, lançou um EP recentemente, “Toda Canção” e ‘causou’ com “Cinderela”, totalmente às avessas da historia original. “Acho que existem muitas maneiras de ser feminista – e isso por si só já é um luxo feminista. Lutaram no passado (e seguimos lutando) pra que eu pudesse me pronunciar e hoje eu me pronuncio da maneira mais pessoal porque sou livre. Meu jeito de me colocar como mulher é sutil, tá nas minhas músicas, mas é preciso procurar. Cinderela é a história de uma menina que nasceu nos anos 90, foi bombardeada por ‘felizes para sempre’ e contos de fada. Contaram pra essa menina que ela precisava de um príncipe encantado mesmo que degolasse todos os monstros sozinhos e ela acreditou. Mas ela se tornou adulta numa geração empoderada, onde a mulher passou a não precisar desse cara” Conta , com total categoria.

            Sobre os sucessos criados para outros artistas, a cantora, que tem um canal sobre criações, e recentemente está no último EP do “Rouge” com uma das suas composições, revela de onde vem. “A inspiração vem porque eu permito. É muito curioso quando fazem essa pergunta pra mim, tipo “de onde você tira essas histórias todas?”. E eu sempre digo, as histórias estão em todos os lugares, tudo pode virar música. Quando eu disse pra mim mesma que poderia ser compositora de histórias que não vivi, minha mente começou a abrir caminhos pra isso acontecer”.

            E daí veio o sucesso do projeto “Hoje vai ter som”, seu programa na internet, que parte agora para sua segunda temporada.  “Esse processo nasceu de um algo bem pessoal – eu precisava me encontrar como artista e queria perambular entre os estilos até me definir (porque o mercado precisa te rotular). Eu comecei a escrever músicas pensando ‘nossa, eu super gravaria essa música com alguém mais do funk’ ou “nossa, isso ia ficar tão legal se alguém como o Dilsinho topasse gravar comigo.” E, de repente, minha equipe comprou minha loucura, inclusive os artistas que abriram as portas das suas casas pra escrever e/ou cantar comigo algo que eu tinha feito pra eles. A gente se junta pra escrever ou então eu escrevo algo e envio por aplicativo mesmo pra pessoa completar. Alguns não são compositores, e aí eu levo a música pronta, mas sempre pesquisando o material da pessoa pra ser algo com a cara dele (a) também”,  conta Dias, que gravou a primeira temporada com Arthur Aguiar, Sapão, , entre outros.

Além de tudo isso, a cantora teve tempo para lançar “Toda Canção”, de seu novo EP.

Sobre sua experiência filmando “Cinderela”, em Nova York, ela conta. “É doido pensar que fui pra NY gravar um clipe, porque sonhei com isso inconscientemente durante toda a vida e de repente tava lá, na minha estação predileta que é o outono. E essa música fala dessa dualidade, ser mulher forte e amorosa. Eu me conectei com a cidade”, finaliza Dias, que deve voltar em breve pra NY pra falar de seu projeto, pela Sony Music, produzido por Paul Ralphes, diz ela, que desde os 17 anos recebe mensagens de todas as idades falando de amor em função de sua música. “Eu fiz minha música que mais performou pra uma adolescente de 17 anos e recebo mensagens de mães, pais e filhos de todas as idades. A música é mágica, eu faço com verdade, pra atingir corações mais que pessoas específicas com uma idade, gênero e estilo. Gosto de embalar momentos.”, diz.

Além de tudo, a cantora tem uma rotina regrada. Compôs as músicas da série jovem “Juacas”, no ar na Disney Channel. Ela medita, estuda partes de alimentação e exercícios, e profissionalmente falando, cada dia é um dia. Às vezes escreve pra um artista, às vezes pra ela, trabalha como quando o projeto te atrai. Começou sua carreira dançando, fez anos de aulas de dança. Gosta de desafios e de fazer coisas diferentes todos os dias, mas costuma ser muito focada pra que a energia não se disperse. Eventualmente, tem alunos de composição, processo criativo e coisas assim. Seu foco é estar no palco e gravar suas tão belas músicas, e escrever pra outros artistas. Mas sua intensidade e gosto de viver as possibilidades que estão por aí. A vida é curta para Bárbara Dias.

Aproveitando a oportunidade, o Pop Cyber conversou com ela. leia a entrevista na íntegra:

1.    De onde surgiu essa ideia de cantar? Você sempre se imaginou sendo cantora?

Minha família tem muitos músicos e cresci praticando e amando cantar, sem perceber. A música fazia parte do meu dia a dia. Como eu passava muitos fins de semana e datas especiais sem meus pais, porque eles estavam cantando, eu ficava um pouco receosa sobre ser cantora. Até o primeiro dia que eu subi no palco. Depois disso, não consegui mais fugir nem me ver fazendo outra coisa e sendo igualmente feliz.

2.    O projeto ‘Hoje Vai ter Som’ vai começar de novo, com sua segunda temporada. Quais artistas você gostaria de receber para cantar junto?

Sonho em trazer pro Hoje Vai Ter Som cantores de todos os cantos. Sou uma cantora compositora,  então tudo que tem uma mensagem, seja lá qual for o gênero, me interessa. Gosto de misturar estilos, aprender com os convidados, melhorar como artista. Quero trazer novos Mcs, como a Rebecca. E também gostaria de trazer grandes nomes como Jorge Vercillo. Sou eclética e o programa me dá uma boa desculpa pra me desafiar. Mas se você me desse a chance de trazer qualquer pessoa, qualquer uminha, entre vivos e mortos, eu convidaria Elis.

3.    Sempre vemos cantores saindo de reality show dizendo que ele mudou sua vida em várias maneiras. Como foi sua experiência no programa ‘Iluminados’?

 O Iluminados me fez crescer anos em meses. Acho que quem tá de fora não entende, de verdade, o nível de nervosismo que passamos ali ou a exposição a qual estamos submetidos. Lembro que quando eu saí, quando fui eliminada, tinha uma mulher na plateia torcendo pra um outro candidato… Ela gargalhou quando saí, fazendo sinais de aprovação com a mão. É doido perceber que, em uma cena, um momento que é ruim pra você é incrível para alguém. Mas, por causa dessa experiência, eu sei disso. Sou uma adulta menos empenhada em agradar todo mundo. E alguém que aceita que, nesse mercado – como na vida -, às vezes estamos por cima, às vezes estamos por baixo. Não podemos ganhar sempre, mas podemos curtir a jornada. O Iluminados me ensinou que preciso confiar em mim mesma, com o pé no chão e humildade.

4.    Você tem uma linda voz e consegue trazer leveza e paz quando está cantando as suas músicas, como é o seu processo de criação?

Obrigada! Eu tenho todo tipo de processo, na verdade. Acho que o mais importante foi ter uma vocal coach como minha mãe dentro de casa. Ela me fez entender toda a técnica e um belo dia me contou que isso não basta – e me ensinou o que mais eu precisava: emoção, interpretação. Ela fala muito de “boas escolhas”. Diz que não basta ser um bom cantor que faz escolhas ruins, que opta sempre e só pela voz. Eu cantei com ela desde a barriga, não é louco? Mas a composição veio diferente. Foi minha válvula de escape pros meus dramas, até o dia que virou minha profissão. Eu digo que, pra compor bem, você precisa parar de tentar compor bem – precisa simplesmente escrever algo que acredita que precisa ser dito. Óbvio que existem técnicas, mas sem coração nem toda técnica do mundo te faz um artista.

5.    Estamos em uma época onde o feminismo está muito em pauta, colocando sempre que mulheres devem ser felizes por si só, e não buscar a felicidade em um parceiro. Como surgiu a ideia de compor ‘Cinderela’?

 A ideia surgiu porque eu estou vivendo essa geração revolucionária, que entendeu finalmente que não precisa de um homem. Mas aí eu lembro que cresci assistindo a todos os filmes com seus finais felizes dependendo de um cara. Cinderela é sobre me dar um tempo pra administrar toda essa dualidade: tá tudo bem, eu posso ser independente e querer um cara. É sobre me lembrar todos os dias que eu quero tá com aquele cara pelo parceiro legal que ele é, não porque sinto que preciso de um, porque ser solteira é mal visto – como já foi. Estamos mudando muito e grandes mudanças levam tempo, então é um recado de mim para mim mesma.

6.    Você, como mulher, como vê e leva o feminismo? Qual mensagem passaria para as meninas mais novas que estão começando a ver e entender o mundo?

O que eu diria para as meninas mais novas que eu é que elas precisam olhar pra dentro de si. Preciso dizer pra elas que elas também vão ser machistas, muitas vezes, sem querer. E que, apesar disso, elas precisam se perdoar. Elas precisam entender que elas não ficam criticando outras meninas a toa, elas foram treinadas pra isso. Eu fui. O filtro na minha mente começou a funcionar, ele diz “não, Bárbara, isso tá errado.”. É um trabalho árduo, diário, a gente se convencer todos os dias num mundo cheio de sutilezas machistas que a gente é capaz de tudo. É um privilégio nascer agora, ser criada por mães que estão aprendendo outros jeitos de educar uma filha. Fazê-las fortes e inteligentes pro mundo, ao invés de lindas e impecáveis pra um homem.

7.    Você compôs “9 Meses”, que é conhecida como a oração do bebê, mas você ainda não é mãe. É algo que você deseja? Se for, como você imagina que esse período vai ser?

Quero muito ser mãe!!! Mas não agora (rs). Também sei que a gente nunca se sente pronta, então não tô esperando o momento perfeito. Mas acho que, talvez em 10 anos? Talvez um pouco menos? Não sei. Não gosto de planejar um futuro tão distante. A vida dá uns loops muito doidos. Mas hoje me sinto despreparada, apesar de saber que vou amar a maternidade.

8.    Nossa geração tem um forte impacto com a música, muitos adolescentes e adultos possuem um ídolo, alguém que admira. Conta pra gente quais seus cantores favoritos.

Eu amo Elis e como usava a música e toda sua voz pra falar do seu tempo. Amo John Mayer e como ele consegue fazer solos de guitarra parecerem poesia!!!! E sou apaixonada pela Beyoncé, que é, pra mim, a artista mais completa da atualidade.

9.    Suas músicas vêm sendo um tremendo sucesso, você tem em mente algo novo para lançar? Se sim, consegue dar um spoiler pra gente?

Tenho tanta coisa em mente pra lançar que nem sei como me conter e seguir o roteiro! Hahahahah. Eu quero muito trabalhar, ainda, alguma das músicas do meu Ep Toda Canção. Mas tenho coisas prontas diferentes de tudo que já fiz. Ah! Tenho 2 feats pra lançar. Um já foi gravado, outro não. Uma dica: um deles é uma música já lançada pelo Hoje Vai Ter Som, que vai ganhar uma versão oficial. Agora fica pra vocês adivinharem qual dos 8 episódios.

10.  Como foi o processo de composição das músicas de “Juacas”?

Foi a coisa mais louca e intensa que vivi na minha carreira como compositora. A produção ouviu uma música que fiz pensando na série e me mandou o roteiro para escrever mais, “se eu quisesse”. Eu ri e disse ÓBVIO que quero. Passei um fim de semana inteiro trancada em casa compondo freneticamente, sem parar. Eles foram precisando de mais, fui compondo. E a parte mais legal foi que, muitas vezes, eles pediam essas músicas com a essência de cada personagem, sabe? Foi quando os próprios atores começaram a entrar nesse processo. Fiz música até por skype, com quase todos do elenco, tentando misturar tudo que eles sabiam do personagem, traduzindo aquilo pra música. Foi lindo e uma grande honra!

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