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daBossa lança o álbum “Dois em Um”

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(POP CYBER)

João Gilberto costumava dizer que o que fazia era samba. E, em seus shows, o gênio baiano passou a suprimir, na letra de Tom e Newton Mendonça, para “Desafinado” o termo bossa nova. E é samba, luxuosa e basicamente, o que fazem os rapazes do daBossa nas oito faixas de seu segundo álbum, “Dois em Um” (Deck).

Sambas, um choro-canção e um tema instrumental que chegam aos nossos ouvidos cheios de bossa. Bossa que, no Dicionário Houaiss, ocupa os décimo e 12° lugares de sua definição: “talento cultivado, mestria, perícia”; “condição ou virtude diferencial que faz uma pessoa ou coisa ser notada (pela simpatia, verdade, originalidade)”. Atributos que Danilo Cutrim (voz, composições e arranjos) e Jean Charnaux (violão, composições, arranjos e voz) reafirmam e esbanjam nesse novo disco.

Com carreiras independentes, eles começaram a trabalhar juntos há apenas um ano, estreando em 2019 com o álbum “Um Dois” (Deck). Danilo, baiano de Salvador radicado no Rio, fez parte entre 2001 e 2015 da banda de rock Forfun. Em seguida, ele e mais dois dos membros originais fundaram o BRAZA, que continua em atividade. Charnaux, virtuose do violão, estreou solo com “Matrizes“ (2014); depois fez um álbum com outro jovem mestre do violão, Alexandre Gismonti e outro com Caio Márcio; excursionou por Europa e Brasil com Guinga; gravou e fez arranjo para Fátima Guedes; e ainda mantém um grupo de forró, Arretados.

Em “Dois em Um”, as diferentes bagagens de Danilo e Charnaux somam a favor do daBossa. Repertório e interpretações do duo são reforçados por alguns dos melhores instrumentistas do Rio, incluindo Jorge Helder (contrabaixo), Lelei Gracindo (saxes e flautas), Altair Martins (trompete), Mafram do Maracanã (percussão), Jurim Moreira (bateria) e Janaína Salles (violoncelo).

Eles abrem o novo disco com um samba metalinguístico, “Preciso”, que pode explicar o porquê da permanência do centenário gênero: “Quantos acordes cabem em um samba? /(…) Preciso/ do samba pra estampar o meu sorriso/ De um samba pra perder o meu juízo”. Em seguida, “Decisão“ é um delicioso dueto que funciona como uma crônica do cotidiano dos dois amigos em suas andanças pelas quebradas do samba carioca, do Beco do Rato às noitadas na Praça São Salvador. Já o choro-canção “Poético“ versa sobre perda amorosa, enquanto sua instrumentação reforça o sentimento, em delicado arranjo baseado em percussão e cordas de diferentes espessuras (contra baixo, cello, viola, violino, violão, cavaquinho).

Na instrumental “Samba Surfe” (o esporte sobre e sob as ondas que é outra das paixões de Charnaux) o naipe de sopros dá um molho de frevo ao samba quebrado. “Era Pra Ser” tem de novo a separação como tema, e o samba como cura para as dores dos amores. Enquanto “Cyber Samba”, outra cantada em dueto, fala sobre a falta de tempo em tempos de grande rede mundial, a humanidade enredada em Tinder, YouTube, Instagram, Facebook, WhatsApp e afins, com seus likes e dislikes.

Voz e cordas (violão, violino, viola e violoncelo) embalam “Tristeza”, sentimento que, dependendo do talento, pode dar samba, como este. E assim, alternando estados de espírito, daBossa se despede (por enquanto) com “Fui Feliz“, samba pra cima, de superação e afirmação: “…fui mais um/ que sorriu/ que viveu / que sentiu/ que sonhou/ que caiu/ levantou/ e seguiu”.

Seguimos juntos. Mas, para fechar, vale lembrar de outro gênio da música brasileira. Em 1932, Noel Rosa já usara num de seus clássicos, “Coisas Nossas”, o termo que batiza a dupla: “O samba, a prontidão/ E outras bossas/ São nossas coisas/ São coisas nossas”.

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